terça-feira, 28 de setembro de 2010

Conselho ao bom navegante.

Desejo que me toques com doçura
Recheado de ponderado desejo
Desses que vem com o amor.

Sabes que guardo minha seda
Tão cobiçada por outros navegantes
Para ti e apenas?

Aconselho-te a ler-me
Traduzir-me em cada detalhe,
Tal um profeta boêmio.
Em troca, guiar-te-ei por sobre os mares.

A cada tua nova descoberta
Dar-te-ei abrigo
Desde que interpretes, antes de tudo
Os desejos meus e os não desejos.

Ceder-te-ei um bom porto.
Deves arrematar tuas velas
E, no entanto, içar tuas âncoras
Tão veloz quanto possível.

Aviso-te que minhas calmarias serão raras
E as brisas, poucas.
Enviar-te-ei, por vezes, algumas tormentas
Como que para avaliar-te em tuas habilidades.

Mas não te preocupes.
Conheço teus limites
E evitarei afundar-te.

Antes que te sintas à deriva
Soprar-te-ei as velas com tanta gentileza
E de modo tal, com tamanha suavidade

Que retornarás à minha seda
Prima e única a cativar-te.