quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

02 de dezembro: Dia do Astrônomo.

Saudações Astronômicas!
Cientista que sou, nesta data faço alguns desejos.
 
Que o firmamento esteja sempre limpo, pronto para as nossas observações.
Os ventos do Sul sejam bondosos e os dos Leste nos livrem das tempestades do Atlântico Meridional.
Que a massa de ar produzida na Amazônia seja eterna, assim como a densa floresta que lhe dá origem.
 
O firmamento, tão admirado, não peço para ver por completo.
Importa-me apenas, com o passar dos anos,
Enxergar ao menos o Cruzeiro do Sul, ainda que seja em sonhos.
 
Feliz Dia do Astrônomo!
Céu limpo para todos!
 
Lore.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ao meu querido protagonista.

Sinto teu cheiro em cada som que me toca. A cada gesto meu, vejo as densas cores dos teus pensamentos. Indagar-te-ei sobre a música que pensas, sempre que me vê. Sobre tudo aquilo que nos preenche em momentos vãos.

Evito causar-te furor. Não me interessam as paixões desmedidas, entregues ao acaso. Estas são recheadas de sangue e dor. Antes, me tocam os esboços tracejados em lua alta, as músicas compostas com alegria, narrativas de prazeres mundanos e os olhares risonhos. Estes me despertam.

Desejos furtivos, gerados por síncronos corações. Simultâneos gestos.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Impasse já não bom.

A consciência, ao perceber a iminência da revelação, decide omiti-la. O impetuoso coração resolve anunciá-la. Eis o impasse.

Dada a situação, prossigo sem dizer-te por completo. Os teus lábios, ansiosos por mais do que a fala, contradizem a memória, inimiga dos corações latentes. Sem que fiquemos incólumes, o sigilo recheado de escrúpulos e delicadezas dispensáveis prossegue. Enquanto ele caminha, mantém as dores minha e tua.

Não estou a dizer-te sobre dores quaisquer. A narrativa é sobre esta dor sentida quieta, uma dor abundante, destas que falam com a nossa voz, fazem gritar e chorar. Não é a dor dos apaixonados, esta daria prazer. À qual me refiro é aquela dos desiludidos, dos semi-vivos, dos quase-mortos. A dor que persegue a memória, cada vez que o coração ousa desafiá-la.

Percebo que temos escondido um do outro, a verdade completa ou parcial dos fatos. Sentimento é fato? Caso sim, com prová-lo? Caso não, qual o intento em omitir um não fato? Uma vez que não há objetivo em tal omissão, esta pode ser dispensada.

Por que a hesitação em demiti-la? Covardia minha e tua. Também dos corações, embora já cicatrizados. Para exercitar a coragem, a frieza das palavras costuma ser má conselheira. A força dos gestos, no entanto, sublime guerreira! Enfrenta vencedora às lembranças, interfere nos sentimentos e nos deixa sem palavras.

Eis o momento em que pergunto sobre a veracidade destes dizeres calados, trocados nas entrelinhas. O mais verdadeiro está na cumplicidade dos olhares; na sincronicidade da vida; no brilho do encontro; na clareza do gesto; na vivacidade das vozes que sorriem e comentam sobre nós. Este é o presente.

Quando é que vamos sorrir de volta?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Conselho ao bom navegante.

Desejo que me toques com doçura
Recheado de ponderado desejo
Desses que vem com o amor.

Sabes que guardo minha seda
Tão cobiçada por outros navegantes
Para ti e apenas?

Aconselho-te a ler-me
Traduzir-me em cada detalhe,
Tal um profeta boêmio.
Em troca, guiar-te-ei por sobre os mares.

A cada tua nova descoberta
Dar-te-ei abrigo
Desde que interpretes, antes de tudo
Os desejos meus e os não desejos.

Ceder-te-ei um bom porto.
Deves arrematar tuas velas
E, no entanto, içar tuas âncoras
Tão veloz quanto possível.

Aviso-te que minhas calmarias serão raras
E as brisas, poucas.
Enviar-te-ei, por vezes, algumas tormentas
Como que para avaliar-te em tuas habilidades.

Mas não te preocupes.
Conheço teus limites
E evitarei afundar-te.

Antes que te sintas à deriva
Soprar-te-ei as velas com tanta gentileza
E de modo tal, com tamanha suavidade

Que retornarás à minha seda
Prima e única a cativar-te.